Um dos maiores problemas de António Costa é nunca se ter apercebido de que, em Portugal, nem sequer os socialistas admitem de bom grado uma violenta punhalada nas costas.
E, do que vejo, ninguém se esquece do que Costa fez a Seguro pelo que não confiar em gente assim é jogar pelo seguro.
Das 19 às 20h, na Antena 1, deu um programa divertidíssimo onde um punhado de comentadores desesperados davam conselhos desesperados ao desesperado Costa para que este invertesse a campanha para se mostrar diferente do que é e assim tentar não perder as eleições. Que pena não ter ouvido do princípio, que divertido deve ter sido.
Mais importante do que dissecar aquilo que Costa disse ("Numa ocasião difícil para o país, em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os chineses, os investidores, disseram presente, vieram e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar hoje na situação em que está, bastante diferente daquela que estava há quatro anos"), o que não tem discussão nem possibilita segundas interpretações, é analisar a reacção da comunicação social e do PS à frase, que roça a desonestidade intelectual e noticiosa.
Com efeito, Costa limitou-se a dizer o óbvio: há quatro anos, o governo socialista de Sócrates deixou Portugal na bancarrota. Praticamente não havia dinheiro nos cofres do Estado e ninguém confiava em nós nem nos emprestava dinheiro. Hoje a realidade é bem diferente, e para melhor: há confiança em Portugal e nos portugueses e é-nos emprestado dinheiro a taxas de juro recorde. E ninguém acreditava que se conseguisse vencer a crise, que saíssemos do buraco em que os socialistas nos enfiaram sem um segundo resgate; e a verdade é que a crise foi vencida, mesmo que haja ainda muito por fazer. Isto não tem discussão e é bom que Costa tenha consciência da realidade.
Por isso detenhamo-nos antes nas reacções dos amigos de Costa, bem divertidas. Houve uma televisão que tentou minorar a coisa e vendeu o acontecimento como um empolamento da “Direita”, uma polémica artificial. Para essa televisão, inverteu-se tudo. A trabalheira que deve ter dado a “construção” da notícia!...
Nos socialistas assumidos, a reacção é bem mais divertida. Primeiro começaram por alegar que Costa falava como “Presidente da Câmara de Lisboa”, seja lá o que for que com isso quisessem dizer. Defendeu-se ainda que Costa não teria dito que Portugal estaria melhor, mas apenas “diferente”. Claro, está-se mesmo a ver que no contexto da frase o país estivesse pior (estilo, “agradeço aos chineses o investimento feito e que levou a que Portugal esteja pior hoje do que há quatro anos…”).
Depois elogiaram-no por ter agido com “sentido de Estado”. Uma vez que falava para chineses, o homem não podia dizer mal do país. Ou seja, Costa disse o que disse aos chineses, mas pensa coisa diferente. Mentiu-lhes, portanto. Também está bem, Costa fica lindo nesta fotografia. Hoje Ferro veio defender que se tratou de “uma frase imprecisa” e criticou os adversários políticos por “retirarem do contesto uma frase imprecisa”. Retirarem do contexto nada! E imprecisa coisa nenuma! A frase está dita e é aquela, não tem outro contexto nem segunda interpretação. Mas Ferro Rodrigues prefere apregoar que Costa profere “frases imprecisas”. Também é uma bela fotografia.
Os socialistas já nos habituaram ao facto de viverem num mundo irreal, de que para eles a realidade não conta, principalmente se ela for contra os seus desejos, mas não deviam tomar-nos por tontos lá porque a comunicação social amiga engole tudo o que eles lhes dão. Alfredo Barroso, que por tudo isto se desfiliou, não fica melhor na fotografia. Ele sai por considerar mau que Costa diga a verdade, quando esta, real e indiscutível, está contra “a narrativa” do PS. Não interessa que seja real nem verdadeira a frase: não devia ter sido dita por favorecer o Governo ou desfavorecer o PS. Os interesses partidários prevalecem sobre os interesses dos portugueses e até sobre a realidade.
Isto não é um mero episódio, uma pequena polémica sem relevância: isto diz muito sobre o carácter dos socialistas.
António Balbino Caldeira é uma excelente pessoa que conheci pessoalmente aquando da visita de S.S. Papa Bento XVI a Portugal e com quem, infelizmente, tenho tido poucos contactos para lá da leitura do seu interessantíssimo blog, http://doportugalprofundo.blogspot.pt/.
Esse blog merece uma passagem por lá, até demorada, para nos reavivar a memória mas também para perceber que muitas coisas não são surpresa para alguns mais informados.
Há uma corrente de esquerda muito forte que se indigna contra o coeficiente familiar porquanto isso não beneficia as famílias com filhos e que não pagam impostos, que seriam a grande maioria.
Ora bem, não pagar impostos e beneficiar de tudo aquilo que o Estado oferece através dos impostos que os outros pagam, incluíndo até o abono de família, parece-me ser já um benefício considerável, mas devo ser o único a pensar semelhante coisa….
O líder da CGTP veio dizer, a propósito dos salários da função pública, que não aceita a desculpa de que não há dinheiro.
E ninguém goza com o assunto nem o manda de volta para o país da fantasia ou lhe diz para ir mas é trabalhar e ganhar juízo.
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